O Sal da Língua

Sons organizados de forma a exprimirem uma grande variedade de emoções.

Archive for July, 2007

Premiers Symptômes, 1997

 

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Air, Premiers Symptômes (1997)

EP que inclui os primeiros singles gravados pela dupla Godin/Dunckel entre 95 e 97. Em início de carreira, e influenciados pelos “reis do sintetizador” europeus dos anos 70 e 80, decidem entrar no campo da experimentação electrónica e são um marco hoje em dia, exemplo a seguir para a maioria das bandas electrónicas da actualidade. Premiers Symptômes vale por si só, sofrendo o facto de ter antecedido aquele que pode muito bem ser considerado um dos grandes albuns dos anos 9o, Moon Safari. As referências estão todas aqui, para aquela que viria a ser a carreira dos Air, mas também para muitos músicos electrónicos em início de carreira. Basta prestar atenção, está tudo lá.

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Celebração

 

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Calexico, Tool Box (2007)

Um novo disco dos Calexico é sempre motivo para festejar, principalmente quando surge de surpresa. A divulgação foi mínima, o que tem sobretudo a ver com o próprio registo sóbrio do album. Primeiro disco instrumental da banda, sobressai a faceta alternative country-mariachi que os caracteriza, desta vez com um forte componente blues. Sim, é isto mesmo. A ausência de vozes aumenta a carga musical e a importância dos arranjos, que estão realmente soberbos. Quase que dá para trincar o pó do deserto do Novo México e a ânsia de chegar à próxima sombra. Coventino e Burns estão uns senhores e esta é apenas mais uma prova disso mesmo. Não procuram o estrelato nem o circo dos circuito dos festivais. Fazem música e pronto. Parabéns Calexico! Conseguiram mais uma vez.

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Na senda de The Final Cut

 

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Archive, You All Look The Same To Me (2002)

Entre as muitas bandas que pegaram em alguma parte do legado dos Pink Floyd, os Archive foram aqueles que, no essencial, conseguiram reter a harmonia técnica e melódica de The Final Cut. You All Look The Same To Me assume sem medo a influência pinkfloydiana, explora-a e reinventa-a. Foi extremamente bem conseguido e, passados cinco anos, está pleno de vigor. Faz lembrar The Final Cut em muitos aspectos e ainda bem.

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The Final Cut, 1983

 

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Se perguntarem sobre este disco a um fã de Pink Floyd, é certo que vos vai torcer o nariz. Ou desaconselhar completamente. Our rir-se na vossa cara. É o disco menos Pink Floyd da carreira da banda. E ainda bem, digo eu. É também o disco da ruptura, da separação da banda, do fim e do ínicio da guerra Gilmour/Waters. Está repleto de mágoas, histórias mal contadas, assuntos por resolver, conflitos, atrocidades, amarguras, arrependimentos, ódios. Política e amor. Guerra. Desta amálgama resulta o disco menos técnico e mais rico em conteúdo melódico e textual dos Pink Floyd. Sofrido e esplêndido. O disparar de um revólver a meio de um dos temas é sintomático. O corte final que termina e recomeça. Genial.

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Ratatat

 

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Ratatat, Ratatat (2007)

Os Ratatat são uma das minhas bandas de estimação. Não os refiro quando falo sobre as minhas bandas preferidas, mas defendo-os contra tudo e contra todos. Não têm um som rock, nem alternativo, nem indie. Misturam sonoridades hip-hop com música electrónica e com um toque de guitarras rock aqui e ali. Mas tudo devidamente equilibrado de forma a evitar sobreposições. E não têm vocalizações. Não é música para dançar, mas também pode ser. É música boa onda, para estar bem disposto ou, diria mesmo, eufórico. Como hoje faço anos, aqui ficam. Que seja a banda sonora do dia.

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Viva a era digital

 

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O site de música Stereogum está a disponibilizar online gratuitamente um album de versões de músicas de OK Computer dos Radiohead. Os artistas são, na maior parte, desconhecidos, mas a qualidade é boa e muitos deles prometem. Esta edição gratuita vai fazer mais por estas bandas do que toda a promoção que as respectivas editoras estariam disponíveis para fazer. É também um exemplo de adaptação dos agentes musicais à era digital, contrariando o pavor (esse sim) consumista das editoras musicais na busca de não perderem a galinha dos ovos de ouro, à custa de consumidores incautos que não têm outro remédio senão gastar rios de dinheiro para terem a música que querem ouvir. Site e bandas a acompanhar.

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O Mike vem aí

 

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Peeping Tom, Peeping Tom (2007)

Por sugestão de um caro colega festivaleiro que muito atempadamente chamou a atenção para o concerto dos Massive Attack agendado para Setembro próximo, deixo aqui a banda responsável pela primeira parte de tal concerto, os Peeping Tom de Mike Patton. Conhecido pelos inúmeros projectos em que se multiplicou na fase pós-funeral dos Faith no More (atenção ao post mais abaixo…), conhece a sua melhor fase musical precisamente com estes Peeping Tom. Excelente disco de estúdio, há alguma curiosidade para ver como resulta ao vivo. Só por si, o Mike já é um animal de palco.

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Paris, 1993

 

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Talvez seja nostalgia do SBSR, mas apetece-me continuar com discos ao vivo. Mantendo-me nos inícios de 90, deixo aqui outro disco lendário, desta vez uma gravação em Paris dos The Cure, datada de 1993. Chama-se, precisamente, Paris. Mais uma vez, a gravação ganha por apanhar a banda no pico da carreira. Os The Cure mantinham ainda o espírito que os fez nascer e que os conduziu ao longo dos anos 80. Aproveitaram também as inovações que entretanto foram feitas e que possibilitaram o aparecimento de registos discográficos ao vivo com qualidade. Nesta fase da carreira, os sintetizadores eram reis e os ambientes criados são, sobretudo, góticos e intimistas. Tal é bem visível em temas como Catch e At Night. Um grande disco ao vivo.

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Live at the Brixton Academy, 1991

 

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Disco lendário dos anos 90, gravado em pleno furor Nirvana. Marcou a separação entre duas fases distintas da banda: os três primeiros álbuns (Introduce Yourself, We Care a Lot e The Real Thing) e o quarto, aquele que lançou para a fama e, ao mesmo tempo, acabou com a carreira dos Faith No More: o estrondoso Angel Dust. Live at the Brixton Academy é um disco ao vivo exemplar, cheio de excessos e que marca a actuação ao vivo em pleno auge da carreira de dois dos melhores músicos que já vi ao vivo: o frontman Mike Patton e o guitarrista Jim Martin. Não gosto de falar em rótulos, mas os FNM foram inovadores na época. Nasceram do heavy metal, mas conseguiram dar origem àquilo que ficou conhecido como funk metal, que poucos ousaram seguir. O que se passou depois de Angel Dust é das estórias mais embaraçantes da música actual, mas é bom que os FNM fiquem conhecidos pelos momentos bons, que foram bastantes. E este Live at the Brixton Academy é realmente grande, tendo a virtude de não perder qualidade e actualidade 16 anos depois.

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O mundo próprio dos Battles

 

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Battles, Mirrored (2007)

Quem nunca ouviu falar ainda dos Battles, é melhor ficar desde já prevenido de que nunca ouviu nada assim. Os Battles habitam um mundo muito próprio, em que os instrumentos oferecem sonoridades que, na maior parte dos casos, desconheciamos o potencial. As guitarras soam a sintetizadores e os sintetizadores soam a qualquer coisa de indescritível. Não existem propriamente letras de músicas, mas conjugações vocais das instrumentalizações compostas. É um novo mundo que se abre para a música electrónica (?) e alternativa (?). Não é ainda um álbum idealizado e concebido de forma a poder ser apreciado como um todo, mas apresenta muitas e boas ideias. O tema Atlas pode ser tomado como ponto de partida para um projecto com um potencial tremendo. A acompanhar.

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A propósito de um miserável plágio

 

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The Divine Comedy, A Short Album About Love (1997)

Um grande álbum de canções de um dos maiores compositores dos nossos tempos, o senhor Neil Hannon. Contém um tema mais tarde plagiado por uma miserável banda portuguesa.

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Amor, paz e parques de diversões

 

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Lavender Diamond, Imagine Our Love

Como emissários dos céus para trazer paz à Terra, os Lavender Diamond apresentam um conjunto de temas na forma de mantras simples, alegres e pastorais. Lembram parques de diversões, balões coloridos e todas as outras recordações de infância que importa não esquecer. Becky Stark é vocalista e mentora da banda e uma das revelações do ano.

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