O Sal da Língua

Sons organizados de forma a exprimirem uma grande variedade de emoções.

Archive for Depeche Mode

Estado d’Alma #41 [a ti]

Here is a song from the wrong side of town
Where Im bound to the ground by the loneliest sound
And it pounds from within and is pinning me down

Here is a page from the emptiest stage
A cage or the heaviest cross ever made
A gauge of the deadliest trap ever laid

And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally Ive found that I belong here

The heat and the sickliest sweet smelling sheets
That cling to the backs of my knees and my feet
Well Im drowning in time to a desperate beat

And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally Ive found that I belong

Feels like home
I should have known
From my first breath

God send the only true friend I call mine
Pretend that Ill make amends the next time
Befriend the glorious end of the line

And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally Ive found that I belong here.

Home [Around The Golf Remix] – Air (Depeche Mode cover)

Violator, 1990

dmviolator.jpg
Estava eu a vasculhar coisas antigas para preparar uma compilação com os temas fetiche das saudosas festas da escola de há 18 (!) anos atrás (a publicar aqui no blogue em breve…), quando me deparei com este disco. Disco de vinil recebido numa festa de Natal do trabalho dos meus pais, tinha ainda a singela idade de 12 anos. Devo dizer que o recebi em forma de desilusão, já que o que eu queria mesmo era o colorido álbum dos New Kids on the Block. Vergonha, eu sei. Mas o que pode uma criança de 12 anos fazer com um disco destes, todo preto com uma rosa vermelha no meio, chamado Violator, de uns tipos chamados Depeche Mode? Durante cerca de três, quatro anos, olhei para ele sempre com alguma desconfiança, apesar de fazer parte das autênticas farras de gira-discos que fazia em casa, sozinho ou com amigos. Alinhava-se juntamente com os Taxi, a Lene Lovich e os Fischer Z do meu tio, os Led Zeppelin e o Campolide do Sérgio Godinho do meu pai e os Beatles e os Abba da minha mãe. Pelo meio, os inevitáveis e míticos TopGenius tão do agrado dos anos 80. Mas os temas de Violator iam ficando. A cada ano que passava, o disco soava de forma diferente e foram precisos quase dez anos de amadurecimento para perceber o que tinha ali. Depressa passou para a frente da fila dos discos (à altura, com a rivalidade dos primeiros CDs) e começou a ser acarinhado de outra forma, como um livro de estimação. Hoje, passados agora vinte anos, Violator é um dos discos da minha vida e foi, definitivamente, o disco que, por me acompanhar desde cedo, me ajudou a compreender o carácter mutável e apaixonante desta coisa espantosa chamada música.

The man comes around

 

cash1.jpg

American IV: The Man Comes Around (2002)

 

jc2.jpg

Johnny Cash At Folson Prison (1968)

Acontece às vezes que a história de alguém se confunde com a obra que deixa. No caso de Johnny Cash, trata-se de um legado musical que transpira vivência e basta ouvir uns quantos temas para vislumbrar episódios, acontecimentos reais. No caso de Cash, não se pode falar da vida do quotidiano, já que se tratou verdadeiramente de uma personagem excepcional. Falamos de um rapaz que carregou a vida inteira a culpa pela morte do irmão mais velho, o exemplo a seguir. Do homem que quis ser uma estrela rock, sem propriamente seguir a sombra de Elvis. Até mesmo do soldado que interceptou a comunicação da morte de Estaline por parte da URSS aos restantes países de Leste. Do homem que acompanhou Jerry Lee Lewis, Elvis, Carl Perkins, Bob Dylan, em fases diferentes da carreira. Do excesso de bebida e drogas (aqui já foi uma estrela vulgar). Do católico profundo que voltou a casar uma segunda vez pela igreja com uma divorciada. Da história que o ligou a June até à morte de ambos. Cash carregou o peso de uma época, de uma sociedade, de um país, de uma forma que só um norte-americano consegue perceber. Mas nós podemos tentar. American IV: The Man Comes Around não é a obra definitiva de Cash, mas é o olhar de Cash, nos últimos meses de vida, já sem June, sobre o mundo tal como o via, através de músicos actuais e outros mais antigos. É a voz cansada, vivida e pronta para o fim a cantar Hurt dos Nine Inch Nails ou Personal Jesus dos Depeche Mode. Nunca estes temas soaram assim. Arrepiante. Ou Cash a tocar ao vivo numa prisão estatal depois do calvário da recuperação da dependência das drogas. Para o regresso às gravações, escolhe um disco ao vivo (coisa rara na época) e logo numa das prisões mais perigosas do país. Libertador. Deixo aqui dois olhares diferentes. Espero sinceramente que gostem.

nunoromano